Todas as pessoas têm o seu café e cada café tem a sua pessoa!
Todas as manhãs passo no Café Rotunda. Muitas vezes encontro o Sr. Sousa, que bebe um curto de acordo com o seu metro e sessenta, o Sr. Tó que bebe um pingado em dias de chuva e a Dª Maria que nunca falha a meia de leite, faça sol ou não. Toda a gente conhece o Sr. Zé do Rotunda e ele conhece todos os cafés de toda a gente, diz os bons dias e pergunta se é o de sempre e, quase não espera pela resposta.
Este é só mais um estabelecimento de bairro, onde o café é o retrato das pessoas que passam a porta. Podemos saber quem é a pessoa pelo café que toma logo de manhã.
Ora, um café em chávena fria é alguém que não se demora em sopros e situações escaldantes, já o de chávena escaldada é o de quem gosta de testar o seu limite. Um americano é tão aguado que quase não sabe se é café, mas gosta do nome, apesar de tender a chá.
Aos pequenos-almoços há o galão, que é de quem quer dizer mais do que expressa em palavras mas que precisa de se sentar para falar. O capuccino também gosta desta calmaria, mas é mais requintado, gosta de atenção e tem brio na apresentação, o oposto ao café sem principio, que só sabe que já vai a meio e não tarda já acabou!
Se as pessoas se apresentassem com o café que tomam era muito mais fácil de se saber quem eram, já que Pedros, Saras, Joões e Anas poucos nos dizem.
– Bom dia, é duplo do costume?
– Sim!