Menoscabar

Desde os tempos antigos, tempos em que não havia a escrita como a conhecemos, sempre existiram comportamentos e características humanas. Os homens do fogo, da caça, os atletas, os cozinheiros, os sábios. As pessoas eram o que faziam.

E os que faziam de tudo um pouco tinham a marca de nada acabar. Eram os Menoscabar. A palavra como identidade, como maldição, sorte ou incentivo. Era a palavra de que quase todos queriam fugir.

Antes não fazer nada que trazer meio leão, que correr meia maratona, que fazer sopa crua. Era para os que faziam, mas de menos.

Havia quem dela nascesse porque sua mãe ou pai era um Menoscabar e então saiam antes do tempo e às vezes só tinham uma orelha, ou menos um dedo, não foram acabados.
Para esses muitas vezes era incentivo e havia sábios de um só olho ou corredores sem dedos dos pés. Para outros maldição, que nem da cama ou esteira se levantavam todos.
Era a palavra que trazia a pessoa, ou a pessoa que trazia a palavra.

Numa reviravolta a palavra trouxe criação.
Os Menoscabar tornaram-se nos melhores contadores de história, porque não era preciso acabar, podia sempre haver mais, mais em menoscabar.

me.nos.ca.bar (mənuʃkɐˈbar) – verbo transitivo
1. deixar incompleto; tornar imperfeito
2. fazer pouco caso de; desprezar; depreciar
3. difamar; maldizer; infamar
Do latim vulgar minuscapāre, de minus, «menos» +accapāre, «acabar»