Uma viagem de barco

Hoje acabei de ler um livro.
Hoje decidi escrever um pouco… às vezes acho que devia escrever mais para exprimir o que vai aqui dentro, para me ajudar a pensar e a decidir.
Hoje sei que nada sei de mim, que precisava de contar a história toda num bocado de papel, precisava de criticar por escrito o que precisa de ser criticado, de louvar o que precisa de ser louvado.
Hoje devia ser o dia em que esta viagem de barco só chegasse ao porto quando eu lá chegasse também!
Hoje não estou triste, nem contente, não me apetece chorar, nem rir, hoje apenas sinto que preciso de me escrever…
Hoje não vou ter tempo. É essa a questão! Quando tenho tempo, não tenho espírito, quando tenho espírito, não tenho tempo.
Hoje queria ser capaz de ter um plano na ponta dos dedos, para poder avançar nos eixos de mim.
Hoje sei que preciso de um tempo, de um espaço, de um EU.
Hoje quando me esbarro com o meu EU assusto-me, envergonho-me, quer quando sorri, quer quando chora, quer quando lembra, quer quando sonha.
Hoje eu queria encontrar-me comigo mesma com todas as cores cinzentas e rosa choque, que sei que ia encontrar. Queria sussurrar ao rosa choque os meus medos e vergonhas, queria gritar ao cinzento as alegrias. Queria conciliar as cores num degradê, sem níveis, mas com uma continuidade que chegue antes do preto ou do fluorescente.
Hoje cheguei ao porto incompleta!
Até amanhã!