Bateram à porta.
Já íamos a meio da aula, como estava mais perto, fui eu abrir.
– Boa tarde. – disse em automático quando dei de caras com a Ema de sorriso tranquilo e olhos cheios de calma. Vinha para aula, estava de Erasmus e tinha-se apaixonado pelo Português.
Deixei-a entrar, tinha um andar suave, sem barulho de sapatos e uma cabeça cheia de sonhos. Dizia ela que andava sempre nas nuvens e decidiu ter a cabeça o mais próximo possível do céu. Era notável o seu desejo pelo contraste da cor do cabelo com a brancura fresca da sua pele.
A Ema ficou até ao fim do ano connosco, hoje sou eu que tenho o cabelo pintado de coração, descobri que é isso que tenho na cabeça.
Devíamos todos ter visível o que trazemos dentro de nós, ensinou-me a Ema.