Armando,
Tanto teu, tanto tudo, tanto mundo cheio de nada. Não quero eternizar algo que não quero guardar.
O Amor não se compensa em exaustão de palavras, não existem regras de três simples para o que se perdeu, nem provas do nove para batimentos cardíacos.
Fui nada para o teu tudo, que agora é nada no meu mundo.
Sorria à tua chegada e, cada vez mais tardia, adormecia fria num manto de solidão que foi sonho um dia.
E de ti? De ti nada.
Há tempo que quando se perde nunca mais se encontra.
Foi tudo.
Foram sorrisos que se soltavam do coração só por pensar no mal-me-quer que me deste no dia da espiga, foi a leveza das tuas cavalitas naquele dia de chuva que ensopava as minhas sandálias, era arrepio que entrava na pele pelo sussurro das confissões que me fazias nos ouvidos… era tanto esse mundo!
Nada.
Agora não há trovador, nem carteiro, poeta ou canção que apague tudo o que li de ti e, que nada era para mim. As noites escuras que não te via, as chamadas por atender, a espera pelo amanhã que não chegava. Ela era tudo e eu nada, trocaste o sujeito, e agora lutas com palavras a tentar que a gramática te corrija esse teu tudo, em nada.
Uma carta por dia, sete selos, sete meses passados de sete anos de mim por ti. Não te quero nem por sete minutos, não quero esses teus mundos.
Acabou o meu amor, acabou tudo.
De mim e para ti, nada.
Zilda