Pediram-me memórias de infância.
Nunca sei se são minhas. Se são construções incutidas por fotografias aprisionadas em paredes.
Se são minhas. Se são repetições ouvidas em mesas de três pratos.
As memórias deixam-me nervoso. É ter apenas uma oportunidade de não me enganar. Fechei os olhos e respirei devagar, sentia um tambor nos ouvidos como se o coração gritasse com o cérebro. Na cabeça, flashes de imagens, cores, coisas de ontem misturadas com as de hoje, listas, algumas antigas. Há uma imagem que vem e vai.
Castanho.
Não é escuro.
Não é árvore.
Não é lama.
Ao que parece mexe-se.
Ao longe.
Tento focá-la esmagando as pálpebras.
Ao perto.
Doem-me os olhos.
A cabeça.
Esqueci-me de inspirar.
Inspirei.
Outra vez.
Reconheci o cheiro.
Pelo de cão.
Abri os olhos e Toni, Bobby, Nini, Popi,
Isso Popi!