Anónimo

Na Travessa do Alecrim entre passeios e degraus estavam umas mesas barril que juntavam pessoas e conversas. As ruas e os barris têm esse encantamento, puxam à conversa entre conhecidos e estranhos.

As mesas eram todas para mais do que de uma pessoa. Casais, amigos, sorrisos, olhares entre pratos, copos e telemóveis. Hoje em dia é assim, estamos sempre com mais pessoas do que as que estão ao nosso lado.

No barril branco com riscas verdes, estava um senhor de gorro vermelho, com o lugar da frente vazio, tal como a mesa. Tinha uma concentração invulgar nas pedras da calçada e, quase que não pertencia aquele sítio, mas estava lá, e se estava era porque pertencia.

Tinha o telemóvel na orelha, mas não em posição de falar, mas de ouvir. Tentei perceber se falava, pareceu-me que não, estava confortável a ouvir, não cheguei a perceber o quê. Estava acompanhado, não tarda também de um prato e de um copo, numa conversa dele com alguém ou alguma coisa. 

As ruas e as travessas da cidade são boas para uma ementa, um gole, um diálogo com quem temos à nossa frente, mesmo que a muitas travessas de distância.

(Observação de Rua)