Perdi-me nas horas,
perdi-me nos scrolls,
perdi-me no feed,
perdi-me na tua vida e
perdi a minha por uns segundos, minutos, horas.
Não tenho tempo,
não tenho 5 minutos para olhar para dentro,
não tenho tempo para ler, para fazer umas corridas,
não tenho tempo para nada,
mas vi-te ali naquele retângulo cheio de luz, vi-te o sorriso, e a ti a tristeza, a raiva e as memórias, angustiada por não ter as minhas, por não conseguir pregar olho, por não ter aqueles olhos azuis, nem aquele vestido esvoaçante, aquela casa de campo.
Num impulso girei a câmara, levantei o braço, olhei com ar de menina, fiz um sorriso maroto, mudei de filtro e dei os bons dias ao mundo! Não era tão eu como gostava, mas aquela estranha oferecia-me notificações que me alimentavam o dia. Pesquisei ângulos fotográficos que me favoreciam e era perita em fotos e montagens, o meu melhor amigo, o que me cabia no bolso, presenteava-me todos os dias com novas dicas e documentários “fast food” sobre parecer o que se quer, sem se ser, sem se ter.
Dizem os meus pais, que não faz sentido.
Eu pergunto, não foi sempre assim?