Pernas com saias, calças e calções
Fazem personagens para todas as estações.
Peles brancas, bronzeadas e com escaldões,
Dão vida a várias ocasiões.
Há as que correm, que andam e as que se arrastam,
Mas todas se aproximam mais do que se afastam.
Mexem-se e dançam sincronizadas,
Com ou sem música raramente estão paradas.
São casais pirosos que combinam cores
E depois há um louco que usa tecidos com flores.
Desenham sorrisos nos joelhos com fios e rasgões,
Trazem identidade a cabeças e corações.
Percebemos mentalidades nos sapatos,
Em verniz, rasos, de pele ou de saltos
São a forma inversa dos retratos
São histórias que percorrem asfaltos
Sem serem, são expressão,
São base sem admiração.
Toda a gente espera uma combinação,
E depois lá aparece alguém que diz “não!”
Dormem juntos mas separados,
Que individualidade não é traição.
Há quem confunda estarmos cansados
Com o fim de uma relação.
Já não sei se falo de pernas,
Se falo de pessoas através,
Falo das cores e das roupas,
Falo de cabeças e de pés